A homeopatia como patrimônio cultural
A portaria 971 do ministério da saúde, no seu contexto maior, também enfatiza a necessidade da expansão das terapias ancestrais através de ações culturais voltadas exclusivamente para a população que tem dificuldade de acesso de uma forma geral.
Seria através de poesia, teatro, dança, amostras culturais, etc.
A preservação do patrimônio histórico popular da Homeopatia foi o grande objetivo da minha vida, um dos maiores estímulos para que eu continuasse este trabalho incansavelmente.
Um país deve ter a imensa responsabilidade em preservar sua cultura popular, portanto, devemos estimular para dar esta ênfase em todos os setores, mas, principalmente, nas escolas, pois se negligenciarmos, a tendência é de nos perdermos. Esta missão é de todos, pois não é de agora que outras culturas que se consideram mais avançadas, melhores que nós, tentam impor seus métodos e, infelizmente, até na Homeopatia isso já acontece.
E como uma percentagem da população brasileira tem tendência a este tipo de minusvalia e a ser mais influenciável, temos que estar atentos.
Não poderemos correr nenhum risco de nossa história homeopática ser deturpada por aqueles de fora que se consideram mais inteligentes, mais competentes e acham que possuem o direito de nos colonizar, o que, em outras palavras, significa cometer um genocídio em relação ao passado cultural homeopático. Podemos, sim, aproveitar o que é mais útil de outras culturas, o que nos agrega algo, o que pode complementar, mas sem confundirmos e trocarmos por modismos externos, sem perdermos as raízes.
Não podemos jamais esquecer de Benoit Mure, o francês que, através de Hahnemann, nos trouxe esta grande boa nova. Nosso mestre passou os últimos anos de sua vida em Paris. Não conhecemos registros reais de troca de cartas entre eles, mas acredito que pela peculiaridade do início da história da Homeopatia no Brasil, que difere da história de sua disseminação mundial, houve sim instruções bem específicas de Hahnemann para nosso país.
Uma grande evidência que percebo foi o fato de Mure ter decidido, de forma inédita, a ir contra a classe médica da época e começar a ensinar Homeopatia para o povo de uma forma geral. Ele visitava a França regularmente e encontrava-se com Hahnemann para trocar ideias, então temos aí uma forte evidência das suas possíveis interferências diretas.
Estes fatos e todo o cuidado de Mure em preservar as ideias puras de Hahnemann para nos transmitir clareiam ainda mais para mim essa relação estreita. Além do fato também de Mure ter pesquisado muitas Homeopatias novas criando, inclusive, um livro chamado “Patogenesia Brasileira”. Por isso, nossa responsabilidade aumenta significativamente em nos empenharmos em preservar estas memórias culturais.
Não só vista a camisa em defesa da memória da cultura Homeopática brasileira, mas torne-se este agente de preservação.
Incorpore-a definitivamente em seu coração, em sua alma, torne-a um projeto de vida, um estilo de vida que lhe colocará em conexão com você mesmo e com o universo. Mergulhe neste universo, sinta seus reais efeitos, estenda a seus semelhantes, partilhe seus benefícios, com consciência e amor, que é o que a Homeopatia e a memória de Hahnemann merecem.
Professora Eliete MM Fagundes